Quantas vezes você olhou em uma vitrine e se identificou com o que viu? Ou folheou uma revista, assistiu um filme ou propaganda e sentiu que falava sobre você?
Segundo uma pesquisa realizada pela Dove com mulheres entre 10 a 64 anos, 76% das entrevistadas acreditam que a mídia e a publicidade definem um padrão impossível de beleza e 82% gostariam que a mídia retratasse mulheres de diferentes tipos físicos, além de idade e raça.
Mas o que é o belo e por que esse padrão de beleza existe atualmente?
Segundo o Dicionário Michaelis, o belo é:
“adj
1 Que tem formas ou proporções harmoniosas, segundo um padrão ideal (pessoal ou cultural) de beleza; que tem beleza; formoso, lindo.
2 Que provoca sensações agradáveis (à audição, à visão, ao tato etc.); que traz deleite e causa admiração...”
O surgimento de uma Filosofia do Belo se deu na Grécia, com Platão. Segundo ele, nós vivemos em um mundo em ruínas e existe um mundo para além do sensível onde tudo é organizado, perfeito, belo. Platão disse que a Beleza absoluta é o brilho ou esplendor da verdade.
Já Aristóteles, possuía outro conceito de belo. A Beleza para Aristóteles está no equilíbrio, na simetria, harmonia e proporcionalidade. Conceito que reside até os dias atuais.
O padrão de beleza variou muito durante a história: Da Pré-História, onde o corpo era considerado uma arma de sobrevivência para a caça e fuga dos predadores e a obesidade era associada à fertilidade e à disponibilidade de recursos; até a valorização da sociedade aos corpos magros, com uso de espartilhos e corpetes para ajustar a cintura e garantir uma aparência “mais bonita”.
Atualmente, apesar das diferentes culturas ao redor do mundo, pela globalização e maior acesso aos meios de comunicação um ideal de beleza se tornou popular – a pessoa magra, de pele branca, cabelo loiro e olhos claros, o que contradiz com a grande maioria da população Brasileira, onde: 54% são negros e 53,8% tem sobrepeso.
Se tratando de padrão de beleza, a Coréia do Sul, é o país que possui um dos padrões de beleza mais rígidos, tendo a maior taxa per capita de cirurgia cosmética do mundo , de acordo com um estudo de 2020 da revista médica “Aesthetic Plastic Surgery”. Só em Seoul, existem 561 clínicas dedicadas a esses procedimentos estéticos, de acordo com o Escritório de Estatísticas da Coreia.
Em 2018, os produtos de cuidado para pele geraram 13 bilhões de dólares em vendas, se tornando um dos maiores mercados de produto de beleza no mundo.
Mas não é de hoje que a população coreana se preocupa com a aparência. As tradições de embelezamento e cuidados com a pele no país datam da época dos Três Reinos da Coreia (57 AC – 668 DC), devido aos ensinamentos e práticas da ideologia confucionista, onde acreditava-se que beleza do corpo e da alma formavam um sistema único, onde uma alma bela só habitaria um corpo belo e vice-versa.
O padrão de beleza na Coréia do Sul se difere um pouco do padrão brasileiro, focando na beleza do rosto, mais do que no corpo. Lá, o belo se refere a: pele clara - característica da elite que não precisava exercer trabalho braçal ao sol; rosto fino e pequeno, maxilar fino em forma de V, nariz pequeno, olhos grandes, boca vermelha e delicada, cabelo comprido, pernas longas e finas e um corpo magro.
O país é conhecido como uma nação que promove ativamente essas cirurgias — um terço das mulheres jovens recorrem às plásticas. Um presente comum de pais para suas filhas adolescentes é a "cirurgia de pálpebra dupla", que muda o formato dos olhos para elas parecerem "menos asiáticas".
Independentemente da região do mundo, o padrão de beleza é um conjunto de características que não são padrões e sempre desconsidera a maioria da população, forçando as pessoas a sempre buscarem esse ideal irreal, muitas vezes usando de cirurgias ou gerando distúrbios alimentares na busca do corpo perfeito. Como exemplo, os sul-coreanos têm um padrão de beleza muito mais baseado nas características ocidentais do que nas próprias, o que faz as pessoas sofrerem muito tentando se encaixar em algo que é quase impossível de atingir naturalmente.
No país, somente em 2016 surgiu a primeira modelo Plus Size, Vivian Geeyang Kim.
Inspirado pelo movimento #MeToo, em 2018, surgiu o ‘Escape the corset’ (Fuja do Espartilho), criticando e questionando a imposição desses padrões. Nas redes sociais, mulheres destruíam as maquiagens, cortavam o cabelo e publicavam o antes e depois de suas transições para seu rosto natural.
Uma das "líderes" desse movimento foi a Youtuber Lina Bea, de 21 anos, que publicou um vídeo se maquiando e depois retirando todos os produtos do rosto. Ao longo do vídeo, ela conta um pouco de sua história. "Eu não sou bonita, mas está tudo bem. Não se machuque por causa dos outros e não se compare com as imagens da mídia", diz durante o vídeo.
Por: Mayara Martins
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